III Ciranda: a pertinência da bibliografia na elaboração de questões em concursos
Questão 44 . A crescente participação dos usuários tem sido indicada como uma das características marcantes na expansão e desenvolvimento da web, com repercussões também no universo da comunicação institucional. Todas as seguintes afirmativas indicam práticas colaborativas características da chamada "web 2.0" na comunicação institucional de uma casa legislativa, EXCETO:
a) a página web disponibiliza ferramentas que permitem ao público enviar para os editores comentários sobre os conteúdos publicados.
b) a página web dispõe de canais para compartilhamento e publicação de conteúdos propostos pelos cidadãos acerca do trabalho da instituição.
c) o noticiário no site institucional inclui conteúdos gerados por usuários e fóruns abertos para proposição de matérias.
d) o site da TV legislativa permite que os usuários escolham, avaliem, proponham e disponibilizem produções acerca do trabalho legislativo.
Os livros foram: Jornalismo digital, de Pollyana Ferrari, Modelos de jornalismo digital, organizado pelos professores Elias Machado e Marcos Palacios, com artigos dos pesquisadores do GJOL, e Redacción periodística en internet, de Ramón Salaverría. Conheço os livros, participo de um deles. Mas pelo que recordo nenhum apresenta um conceito de web 2.0 que dê margem a compreender-se a questão da forma que estaria sendo considerada correta, ou seja, a exceção seria a resposta A.
O argumento discutido na lista e certamente pelos elaboradores da questão foi de que ferramentas que permitem ao público enviar para editores comentários sobre os conteúdos publicados não é web 2.0, é nada mais do que o "Fale Conosco". Não haveria aqui publicação de conteúdo. Inclusive foi lembrado com pertinência que a interação entre leitor e jornalistas existe desde que jornalismo é jornalismo. Fato destacado por Elias Machado em sua tese, quando apresenta o Publick Occurences, primero jornal editado nos Estados Unidos, em 1690. O jornal deixava uma de suas quatro páginas em branco para o leitor escrever suas opiniões, assim os leitores após ele, saberiam o que pensava a respeito do jornal e das informações divulgadas. A dinâmica era outra, mas a noção de participação do público a mesma que discutimos hoje com a potencialização das tecnologias.
Voltando à questão: para respondê-la é importante tentar definir o que estamos fazendo em termos de jornalismo, de rotinas, dinâmicas no ciberespaço. O próprio jornalismo colaborativo, que seria um termo mais restritivo se tivesse sido usado, deixaria margens para a compreensão de rotinas, imagine um abrangente como web 2.0.
Além disso, está escrito: "a página web disponibiliza ferramentas que permitem ao público enviar para os editores comentários sobre os conteúdos publicados." Se é a página web que permite, por que ele não poderia compreender que este comentário estaria inserido na web, na matéria, e - portanto - publicado? O que constitui uma prática de web 2.0, não? Não há bom senso em concurso.
Labels: ciberjornalimo, ciranda de textos, concursos públicos
0 Comments:
Post a Comment
<< Home