Friday, March 14, 2008

70 anos da BBC no Brasil discute Ciberjornalismo

Em comemoração aos 70 anos de Brasil, a BBC promoveu debates sobre o papel do Brasil na América do Sul, objetividade e subjetividade jornalística, liberdade de expressão, convergência e interatividade.

As formas de colaboração e integração do usuário na produção jornalística norteou as apresentações de Pete Clifton, diretor do BBC News Interactive, Andrea Fornes, produtora-executiva do MSN Brasil, Márcia Menezes, diretora de jornalismo do G1 e Antonio Prada, diretor de conteúdo do Terra América Latina.

Clifton mostrou como a BBC se estruturou para a produção ciberjornalística, com a convergência em termos da redação. Fornes falou sobre a integração de conteúdo aos softwares da Microsoft, com foco no "local-Brasil". Menezes destacou a experimentação e desafio do G1 ao integrar conteúdos dos outros veículos da Rede Globo. Prada ressaltou que fazem um trabalho diferenciado no Terra, apesar de não serem um grupo de mídia.

Os relatos de experiência de Clifton, Menezes e Fornes valeram o deslocamento em um trânsito caótico paralisado em mais de 100 quilômetros. Clifton mostrou em projeção e discurso bem estruturado como a BBC foi construindo um dos melhores modelos mundiais de jornalismo digital. Fornes falou muito sinceramente dos problemas que encontrou ao começar a trabalhar no MSN, uma empresa de software do porte da Microsoft, com uma equipe de dez pessoas voltadas para a produção de conteúdo jornalístico.

Na apresentação de Menezes ficaram evidentes as dificuldades que o G1, com profissionais advindos da televisão, encontrou na web, como a pressão da atualização contínua, a possibilidade de fazer experimentação em vídeos, a integração de material multimídia com características amadoras, o tempo dispendido para conhecer os formatos, dentre outras.

Já Antonio Prada, com a experiência de oito anos do Terra, mostrou como o portal integra o cidadão, a especialização em notícias em tempo real, "seu DNA", para ele. Destacou a inserção que possuem na América Latina e a produção e estrutura para produção de televisão na web. Falou de alguns pioneirismos, sempre ressaltando dificuldades por não serem um grupo de mídia.

Prada esqueceu de mencionar que a Telefonica de Espanha para fazer o Terra comprou o braço de internet da Rede Brasil Sul, uma das cinco maiores empresas de comunicação brasileiras, com uma redação muito bem estruturada, com gente qualificadíssima para a produção de conteúdo jornalístico. O que significa dizer: jornalistas, publicitários, desenhistas industriais, programadores de conhecimento médio e programadores especializados.

O fato do braço internet da RBS, o ZAZ, não ser considerado empresa de comunicação é uma questão legal, que muito favoreceu a Telefonica, provavelmente. Porém, na prática o ZAZ, que virou Terra, era uma empresa de comunicação, de produção de conteúdo e com uma equipe jornalística da melhor qualidade. Até o início de 2000, produziam conteúdos em uma linguagem diferenciada e inovadora, quase definindo um discurso efetivamente mulmidiático e hipertextual para seus produtos, quando ocorreu um retrocesso criativo em nome de uma "robustez de marca".

No caso do MSN, o foco local destacado por Fornes na produção e filtragem de informação advinda de agências, parece ser um tanto distanciado, pois o jornalismo de proximidade justamente se caracteriza pelo profissional estar no local dos acontecimentos. Se a colaboração do cidadão sanará a proximidade, e as ferramentas da Microsoft irão garantir a precisão da informação, somente o passar dos anos reportará.

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